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PROTESTO
Existem, em ti, coisas que gosto e que não gosto,
Porisso aqui vai, em forma de manifesto,
Em carta aberta, a voz do meu protesto:
Não me incomoda que não durmas,
Desde que possas não dormir comigo,
Mas me incomoda que durmas,
Se é um outro que dorme contigo.
Não me aborrece quem te rodeie,
Se passageiro, sem nome e sem recheio,
Mas me incomoda quem te chama: venha!
Se, de mim, me rouba teus instantes
E apaga, de teu corpo, o perfume do teu cheiro.
Eu, se fosse você, trocava de jardineiro,
E como para as coisas do amor, estou desempregado,
Ofereço-me, quem sabe, para ser teu contratado.
Como pagamento aceito mil quilos dos teus beijos,
E mesmo, até, a flor do teu desejo.
Em troca ofereço minha ternura e minha mão,
A rabiscar, em tuas costas nuas, enorme coração,
Que por ser teu, há de proteger-te em cada sonho,
Para que, ao acordares, me descubra risonho,
Desdizendo tudo o que disse agora:
Que, em ti, há coisas que gosto e que não gosto,
Pois se gosto de ti, és tudo o que mais gosto,
Se gostares, só de mim, não terás nada do que eu não gosto.
Wilson Melo da Silva Filho