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UM ENGENHEIRO EM CAPÍTULOS

3 - Pela vida



 

Muito tempo se foi desde então.

Muito mais vida correu, que toda essa distância que corres agora,

Que ao correres, sem que percebas, correm também teus pensamentos,

Num vai e vem descontrolado, que em desencontros se completam,

No ciclo imenso, das lembranças daquilo que vivestes.

Vida igual a tantas vidas, mas uma vida que foi só tua,

Que todas as vidas são únicas e iguais, apenas diferentes,

Como diferentes são, cada um dos dias, desses dias em que vives;

Hoje, já se faz tarde, mas o dia foi azul e verde,

Outra vez, ali pelo Natal, chovia e fazia cinza e frio,

Que no Natal, por aqui, quase nunca se faz frio.

Mas, nesse caminho, o vermelho da poeira sempre se faz,

Mesmo quando, disfarçada em lama e água, te encharca e molha os pés.

 

 


4 - Das Marias



E te lembras de Maria. Qual Maria, se já não sabes de nenhuma delas?

Marias são tantas, cada uma com seu próprio nome.

Marias são tantas e, quase sempre, nem mesmo Maria são.

Mas elas se misturaram em ti. Cada uma do seu jeito, que sem jeito sempre fostes,

Mas tivestes lá teu jeito. Quantas Marias nos teus braços, abraços e versos.

As Marias se foram de ti. Ou, talvez, naquele tempo, não tivestes Maria alguma.

Que não fostes de ninguém, nem mesmo de ti, que sensato um pouco e nunca fostes.

E caminhastes. E correstes. E viajastes de carro e ônibus. Tivestes medo do avião. E mudastes de cidade.

E as Marias em cada canto e em cada ponto, incidentes e encantos de percurso.

As Marias que chegaram e que se foram, te enfeitaram, te machucaram, te cuidaram e que traístes.

Ah Marias! Que pouca vida terias tido, sem teres tido vida, na vida de tuas Marias!

 

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