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17/05/2007



 

A CORRIDA


Acabei de correr 15 km e, quando fui anotar a corrida, dei-me conta de que hoje é 17 de maio.  Exatamente quatro anos atrás, 17 de maio de 2003, fiz uma corrida que nunca terminou.  Era um domingo e, ao sair de casa, bateu-me uma saudade muito grande de você.  Resolvi, então, correr pela Estrada do Joá, até o local onde havia um "drive-in", onde estivéramos há muitos, muitos anos! Era, talvez, uma forma de reviver uma época com você, que,  eu não sabia então, iria ser muito importante para mim.  Terminada a subida do Joá, sentei-me por uns dez minutos, em frente à antiga entrada do "drive in", de há muito fechada por portões.  Portões fechados, do "drive in" e do seu coração.  Mas, naqueles dez minutos eu, ali, sózinho, envolvi-me de passado, envolvi-me de você, esqueci-me completamente do mundo.  Findo o meu "revival", era hora de voltar, que a praia de São Conrado, coalhada de luzes, lá em baixo, me esperava, caminho de casa.   E comecei a descida.  Tudo ia bem quando, atrás de mim, ouvi o latido de um cão.  Olhei para trás, cachorro não havia não, mas, na minha frente, um degrau abrupto, de uns trinta centímetros, que eu não vi, cortou-me a corrida, jogou-me ao chão e destruiu meu ombro, ossos e ligamentos.  Hoje, tres internações e duas operações depois, meu ombro voltou ao normal para as atividades do dia a dia, mas tornou-se inútil para determinadas atividades.  Desenvolvimento supino, trabalho de pesos para os deltoides, não mais.
Hoje, com certeza, no meu corpo já não sou o exatamente o mesmo.  No coração, contudo, não mudei. Ou talvez tenha mudado: a saudade de você, na minha vida, é ainda maior.
É, já se passaram longos anos desde a noite do "drive-in".  Já se passaram quatro anos do meu acidente.  E, a grande verdade, é que, se adiantasse alguma coisa, eu, de novo, correria até o Joá.

 

Wilson

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