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ALPHONSUS DE GUIMARAENS


"E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar..."


(de Ismália, Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte)

 


1 - Pequena Biografia (extraída de Wilson Melo da Silva, pai)

Quem teria sido Alphonsus Guimaraens?

Qual o sentido ou o significado de sua poesia?

Alphonsus Guimaraens, assinale-se, desde logo, não foi apenas e simplesmente um poeta como muitos outros.

Não foi um poeta da mediocridade. Não foi um poeta da arte engajada. Nem um poeta da arte dirigida e muito menos, ainda, um simples poeta de Escola.

Alphonsus Guimaraens foi muito mais do que isso.

Não se estratificou dentro de modelos ou de cânones rígidos e nem é, já agora, como possam, muitos, supor, um simples retrato na parede ou uma simples lembrança pendurada na memória de românticos ou de sntimentalistas retardatários.

Alphonus de Guimaraens foi sonho e foi vida. Foi melancolia e tristeza. Foi sofrimento e resignação. Foi misticismo. Desalento. Angústia. Oração.

Ele foi o Poeta do Amor e da Morte,o poeta dos frios luares e das estamenhas lívidas. O poeta dos ocasos de sangue, mesclados de sombras mortas. O poeta das noites plúmbeas, das catedrais e dos sinos. O poeta das Dores surdas, das Agonias lentas e, sobretudo, o poeta da Fé.

Alphonsus foi o Poeta do Invisível. O poeta que cantou a Ausência a Distância e o Além.

Seus versos têm o velado sussurro das orações e das preces.

Eles evocam, não raro, os tons graves do cantochões. E, não raro, trazem até nós a dolência de litanias distantes e de distantes misereres.

Enfim, a poesia de Alphonus Guimaraens é como se ressoasse "por vezes, a música-de-câmara, instrumentada de oboés e clarinetas".

Alphonsus Guimaraens foi, com certeza, um dos expoentes do Simbolismo nacional. Além disso, alguns, em pinceladas de forte colorido, têm buscado retrata-lo não tanto como ele efetivamente o foi, mas, antes, como desejariam que ele tivesse sido.

Nele enxergam, muito, tão somente um poeta de temperamento predominantemente místico, enquanto outros lhe atribuem um pronunciado caráter contemplativo.

A imagem que deve prevalecer, contudo, é que seja ele, Alphonsus, um poeta católico, qualificado como sendo "um dos mais elevados e meigos cantores da Virgem em nossa língua".

Afonso Henrique da Costa Guimarães, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 24 de julho de 1870 e morreu, em Mariana, a 15 de julho de 1921.

Ouro Preto foi o cenário dos primeiros anos da vida do Poeta que desde sua infância dava sinais de extrema sensibilidade e acentuada introversão.

Foi Ouro Preto, cidade de alguns amores infelizes, como os de Tomás Gonzaga e Marília de Dirceu, que deu origem a um outro amor fadado ao sofrimento e à dor, o de Alphonsus Guimaraens e de sua prima e noiva Constança, vitimada pela tuberculose, aos dezessete anos. Alphonsus, o introvertido, que já tinha associado ao seu afeto os dados sensoriais que o noivado propiciara, guardou para sempre, consigo, a idéia do martírio e da morte, sobretudo das mãos da noiva morta. Seus versos nunca mais se libertaram da obsessiva lembrança da noiva morta e, a partir de então, o Poeta se fechou mais e mais consigo mesmo. Ao lado do mundo exterior, foi edificando o seu mundo ideal, interior, que logo se povoou das sombras dos poentes, dos palores das luas frias, das noites plúmbeas e nevosas, das virgens mortas, dos sinos plangentes, dos eremitérios e das estamenhas, das harpas e das flautas, dos violoncelos, das flores roxas, dos lilases, dos cinamonos......

Após a morte de Constanza, foi para São Paulo estudar Direito, vindo a se formar no ano de 1895. Na capital paulista, tomou contato com os ideais simbolistas e escreveu parte de sua obra. Também em São Paulo, durante algum tempo, pareceu se recuperar do drama da morte de sua noiva, o que na verdade, nunca ocorreu. Em viagem pelo Rio de Janeiro, conheceu um outro verdadeiro ícone do Simbolismo, Cruz e Souza. De volta a Minas Gerais, exerceu o cargo de promotor e de juiz na cidade de Mariana, onde levou uma vida pacata com sua esposa, Zenaide de Oliveira, e seus catorze filhos até o seu falecimento.

 

Pobre Alphonsus!



2 - Algumas Obras

 

- Poesia

Septenário das Dores de Nossa Senhora e Câmara Ardente (1899); Dona Mística (1899); Kyriale (1902), seu primeiro livro, publicado tardiamente; Pauvre Lyre (1921); Pastoral dos Crentes do Amor e da Morte (1923), A Escada de Jacó (1938); Pulvis (1938).

 

- Prosa

Os Mendigos (1920)

 

3 - Saiba mais sobre Alphonsus de Guimaraens

- "O Simbolismo e Alphonsus de Guimaraens", Wilson Melo da Silva, Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1971

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