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POEMAS DESCONEXOS
1
Você, mulher que me faz pensar,
Como poucas vezes pensei sobre outra qualquer,
Por mais que te conheça, nada sei,
Nem ao menos o que dizer por ti eu sei.
Quantas vezes tentei chegar-me a ti,
Procurar, na tua alma, as razões de teu olhar.
Você, mulher, intangível como a madrugada,
Imensa, Cintilante, Imponente,
Tens a mesma claridade, que ilumina e não norteia,
Mas envolve de mistérios quem, nela, por ti vagueia.
2
Não te tenho, é certo, mas tens meus pensamentos,
E, nos meus pensamentos eu te tenho, por certo,
E é muito bom ter-te como eu quero,
Pois quero, apenas, tudo aquilo que mais queres
E, nos meus pensamentos, tudo aquilo que queres,
É que eu te queira sempre, como te quero agora.
3
Às vezes me parece,
Que comecei tudo tarde na vida.
Às vezes até me queixo,
mas não tem nenhuma importância,
Porque sou intemporal.
O que é importante, se faça,
O interessante, também,
Se não importa, não faça,
Não interessa? Passar bem!
Por isso me importa e interessa,
Que eu não me importe demais,
Com aquele que não se importa
De ser um simples sujeito,
Um sujeito temporal,
Com ventos e tempestades
Que ameaçam, não chovem, não ventam
E todo seco de verdades.
4
Fui até as prateleiras,
Comprei um pouco de açúcar.
Comprei um quilo de café.
Comprei um litro de leite.
O que fazer com tudo isso?
Café com leite, adoçado,
Com açúcar refinado?
Mas isso não é bom para os dentes
E também não tomo café,
Menos ainda café com leite,
Que é Minas com São Paulo.
Assim, melhor seriam bananas,
Que são ricas em Potássio,
Que é bom para quem sua,
Como sua quem pelea,
Como mouro, Sol a Sol.
Meu Deus, quanta besteira!
Quanto pensamento bobo,
Nessa hora dolorida,
Quando enfio a mão no bolso,
Machucando a carteira,
Pra pagar as minhas compras,
Que guardo em cima da mesa
E fico olhando as cadeiras,
Pensando nas cadeiras dela,
Que me fazem tanta falta.
5
A televisão na sala
A criança também na sala
Um programa na tv
A criança e um brinquedo
Tem gente assistindo tv
Com a criança por perto.
6
Sol!
Praia!
Engarrafamento,
Descomunal!
Que inferno,
Ir à praia!
Que água,
Maravilhosa!
Que delícia,
Ir à praia!
Alguma gente
Se mostrando,
Outras tantas,
Se afogando;
Mas algumas,
Num puçá,
Estão de volta;
Tantas outras,
À sua volta,
Espiando
E pensando:
Que mancada,
Se afogar!
7
A noite já se faz longa,
E se faz de dormir e acordar.
Acordado e não dormindo,
Passei a contar carneiros,
Escalei a seleção
E não dormi.
Imaginei mulheres nuas
Transei com todas elas
E dormi,
Sem dó, nem piedade,
Nos braços de nenhuma delas.
8
Conheci uma mulher,
Que não era quem ela era,
Não era quem eu pensava
Nem era o que ela se achava.
Era uma outra pessoa,
Diferente de si mesmo
Mesmo rosto, mesmo jeito,
Mas um jeito diferente,
Do jeito daquela mulher.
Assim sendo, que se aguarde
Que a tal mulher, que não é,
Com o tempo possa ser,
A mulher que ela é.
Wilson Melo da Silva Filho