TODAS, o site da poesia
SYLVIA PLATH
1 - Biografia Sucinta
A partir de seu suicído em 1963, e após a publicação de Ariel, em 1965, Sylvia Plath se tornou um dos grandes mitos da literatura norte-americana. Além da força do seu trabalho literário, os acontecimentos de sua vida e os fatos trágicos que se passaram com aqueles que com ela se envolveram, direta ou indiretamente, contribuíram - e contribuem - diretamente para toda uma aura que se formou em torno da poeta.
Sylvia Plath nasceu em Boston, Massachusetts, em 27 de outubro de 1932. Seu pai, Otto Plath, foi um imigrante alemão que chegou a ser professor de entomologia na Universidade de Boston. Otto, a partir da segunda metade da década de 30, começou a ter problemas de saúde e, convencido de que se tratava de câncer dos pulmões, recusou-se a um tratamento. Em 1940, contudo, forçado a procurar um médico, devido a uma infecção no pé identificou-se que Otto, em lugar de câncer, tinha diabetes. Foi obrigado a amputar a perna e acabou por falecer em 5 de novembro de 1940. Essa morte, quando Sylvia tinha, apenas, oito anos, deixou, nela, cicatrizes psicológicas profundas, principalmente devido ao fato de que Sylvia, com certeza, tinha a propensão para o desenvolvimento de estados de depressão. Ao mesmo tempo em que o pai se tornou uma espécie de referência para ela, trouxe-lhe também uma sensação de abandono e de mágoa, como se ele tivesse cometido suicídio, pelo fato de não ter se tratado adequadamente. Essa mesma sensação de abandono e mágoa veio a se manifestar após o término do seu casamento, desaguando, com muita força, na poesia "Daddy" (Papai), onde algumas pessoas encontram, no mesmo poema, referências emocionais, tanto ao pai quanto ao ex-marido.
Em 1950 Sylvia entra para o "Smith College", em Northhampton, Massachusetts, ao mesmo tempo em que continua a escrever, tanto para o jornal do "Smith College" como para revistas de circulação nacional. Em 1953, Sylvia começou a apresentar sinais mais claros de depressão, até que em 24 de agosto desse ano, aproveitando-se de uma ocasião em que ninguém estava em casa, Sylvia se escondeu num canto da casa e tomou um punhado de pílulas para dormir. Apenas no dia 26, Sylvia foi descoberta, ainda viva e encaminhada a um hospital. Ela, mais tarde, recordou esse episódio, em sua livro, "The Bell Jar" ( A Redoma de Vidro).
Em janeiro do ano seguinte Sylvia foi liberada para voltar ao "Smith College", onde ela prosseguiu com o seu sucesso acadêmico, tendo se graduado com o mais alto conceito - summa cum laudae .
Com uma bolsa de estudos Fulbright, Sylvia Plath foi para a "Cambridge University" na Inglaterra. Lá, no início de 1956, Sylvia foi a uma festa que celebrava o lançamento de uma nova revista literária de Cambridge, "St. Botolph`s Review". Nessa festa ela veio a conhecer o poeta Ted Hughes (17 de agosto de 1930 - 28 de outubro de 1998), o grande "garanhão", com quem quatro meses depois viria a se casar. Ted Hughes foi um excelente poeta inglês, tendo inclusive sido um "Laureate Poet" (Poeta Laureado), de 1984 até a sua morte. Esse título foi algo como, um "poeta da casa real" e é, hoje em dia, uma honraria concedida, pela realeza britânica, a um poeta que se destaca. Apesar de toda a sua obra poética, Hughes, aparentemente, era bastante grosseiro em sua vida doméstica, conforme atestam alguns relatos de sua convivência com a sua segunda esposa, Assia Wevill.
No início do casamento, Sylvia Plath dedicou-se a promover a carreira literário do marido, sendo que, em 1957 a obra de Hughes "The Hawk in the Rain", ganhou um prêmio e a publicação nos Estados Unidos e, em seguida, na própria Inglaterra.
Em junho de 1957, o casal foi para os Estados Unidos e Sylvia começou a lecionar no "Smith College", mas, findo o semestre letivo, resolveu não retornar à sua função.
Sylvia e Hughes ficaram nos Estados Unidos até o final de 1959, quando ela, grávida, e o marido, voltaram para a Inglaterra, onde em 1 de abril de 1960, nasceu Frieda a primeira filha do casal. Em 1960 também foi publicado "The Colossus and Other Poems".
Em fevereiro de 1961, Sylvia foi vítima de um aborto, mas, em janeiro de 1962, depois da mudança do casal, de Londres para Devon, nasceu o segundo filho, um menino, Nicholas, Ted pareceu desapontado com o nascimento de um menino e não de uma menina, tornando-se frio e distante do mesmo. Também nesse ano de 1962, "Colossus" foi publicado nos Estados Unidos, mas o casamento começou a desmoronar de vez. A razão definitiva para o término, foi o envolvimento de Ted Hughes com Assia Wevill, então casada com o poeta David Wevill (nascido na Canadá, em 1937). Em outubro de 1962, Ted saiu definitivamente de casa e, a partir daí, Sylvia, com toda a sua decepção, escreveu alguns dos melhores poemas de sua carreira. Em dezembro Sylvia e os filhos voltaram para Londres e, em 1963, em meados de Janeiro, o romance de Sylvia , "The Bell Jar" (A Redoma de Vidro) foi publicado na Inglaterra. Sylvia, contudo, tinha entrado num estado de desestruturação psicológica irreversível. Traída pelo marido, atormentada por uma gravidez da rival (que veio a fazer um aborto), sózinha, com filhos pequenos, num inverno perverso e sem Sol, num apartamento sem telefone e com aquecimento deficiente, Sylvia não conseguiu e desistiu da vida. Em 11 de fevereiro de 1963, após preparar pão e leite e deixa-los no quarto dos filhos, selou as frestas da porta. Desceu para a cozinha, selou-a também, abriu o forno e ligou o gás.
E os outros participantes da história?
Assia Wevill passou a viver com Ted Hughes, mas não conseguiu suportar o comportamento do companheiro, que, entre outras desatenções, não a considerava mais que uma espécie de governanta da casa. Além disso, não soube conviver com o fantasma de Sylvia e em 23 de março de 1969, dissolveu pílulas para dormir em água, deu um tanto para sua filha (e de Ted), Alexandra (Shura), tomou o resto, e, como Sylvia, abriu o gás deitou-se com a filha de quatro anos, para, com ela, também se encontrar com a morte.
Ted Hughes, como viúvo de Sylvia, ficou com o seu acervo literário e fez publicar "Ariel and Other Poems, em 1965. Em 1998, pouco antes de sua morte, publicou "Birthday Letters", que é considerada a sua versão do suicídio de Sylvia Plath. Após a morte de Assia, em agosto de 1970, casou-se com a enfermeira Carol Orchard, com quem viveu até a sua morte. Pode-se apenas especular o peso, para a sua vida, da morte de três mulheres, uma delas uma criança de apenas quatro anos.
David Wevill era oito anos mais novo que Assia. Foi também uma vítima do relacionamento de Ted com sua mulher, tendo sofrido intensamente. Hoje leciona literatura inglesa na "Texas University", em Austin.
2 - Obra Literária
A) - Em Ingles
The Colossus and Others Poems(poesia), 1960.
The Bell Jar(romance), 1963.
Ariel(poesia),1965.
Crossing the Water(poesia), 1971.
Winter Trees (poesia),1971.
Letters Home; Correspondance (cartas), 1975.
The Bed Book (juvenilia), 1976.
Johnny Panic and the Bible of Dreams (ficção, diários, ensaios), 1979.
The Collected Poems (obra poética completa), 1981.
The Journals of Sylvia Plath (diários), 1982.
B) - Publicados no Brasil
A Redoma de Vidro (The Bell Jar)
Pela água (Crossing the Water)
Sylvia Plath - Poemas
Ariel (Ariel)
O terno tanto faz como tanto fez (It Doesn't Matter Suit)
Zé susto e a bíblia dos sonhos (Johnny Panic and the Bible of Dreams)
XXI Poemas
3 - Na Internet
Poesias de Sylvia Plath, em inglês: http://www.internal.org/Sylvia_Plath
Poesias de Sylvia Plath, em português: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT761210-1655-1,00.html
ARIEL
Estancamento no escuro.
Então um azul sem substância
De penhascos e distâncias.
Leoa de Deus,
Crescemos como tal,
Pivô de calcanhares e joelhos! - O sulco
Divide e passa, irmã do
Arco castanho
Do pescoço que não posso abraçar,
Olhos negros
Sementes forjam escuros
anzois...
Goles de sangue negro e doce,
Sombras.
Algo mais
Arrasta-me pelo ar -
Coxas, cabelos;
Lascas de meus calcanhares.
Branca
Godiva, descasco -
Mãos mortas, necessidades mortas.
E agora eu
Espuma ao trigo, um brilho de mares.
O choro da criança
Derrete-se na parede
E eu
Sou a flexa,
Orvalho que voa,
Suicida, que se lança
Dentro do vermelho
Olho, o caldeirão da manhã.
ARIEL
Stasis in darkness.
Then the substanceless blue
Pour of tor and distances.
God's lioness,
How one we grow,
Pivot of heels and knees!--The furrow
Splits and passes, sister to
The brown arc
Of the neck I cannot catch,
Nigger-eye
Berries cast dark
Hooks----
Black sweet blood mouthfuls,
Shadows.
Something else
Hauls me through air----
Thighs, hair;
Flakes from my heels.
White
Godiva, I unpeel----
Dead hands, dead stringencies.
And now I
Foam to wheat, a glitter of seas.
The child's cry
Melts in the wall.
And I
Am the arrow,
The dew that flies,
Suicidal, at one with the drive
Into the red
Eye, the cauldron of morning.
Sylvia Plath lendo o seu poema "Daddy"
Sylvia Plath lendo o seu poema
"Ariel"