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EU TE AMO

 

I

Eu quero te ter em minha cama

misturada às minhas fronhas e aos meus lençois;

quero ter, no mundo do meu quarto,

cada canto desse teu corpo, que eu desejo.

Quero beijar-te aos poucos,

começando por tua boca, quem sabe,

escorregando, levemente, por teu pescoço,

enquanto minhas mãos, em tua nuca,

trazem tua cabeça, para junto dos ombros meus.

Enquanto te beijo, minhas mãos agora te descobrem,

deslizam por tuas costas e, com a ponta dos dedos,

sobem de novo à tua nuca, em arrepio

e já é tempo de beijar e tocar-te os seios,

apertando-os suavemente e roçando-te os mamilos

que, entumecidos já, de desejo,

arrancam, de ti, os primeiros dos suspiros teus.

E há que beijar-te mais.

Recomeço, talvez, por teu pescoço e ombros

e, ao beijar-te, desço com minha boca mais e mais.

Beijo tuas coxas, teu ventre e o teu sexo,

tanto e tanto, que parar eu já não quero

que teu gemer, teu revirar, e o teu tremer,

me excitam e dizem que controle já não tens

e um estremecer profundo, em que tudo sentes,

arranca de ti, em retorcido grito, prazer intenso,

que já não para, e que não para, e que te deixa como ausente.



II

 

Mas nada terminou ainda, que ainda te quero.

Quero ter-me em ti e já estou inteiro em ti,

É como fosses a casa do meu corpo, da minha alma e do meu coração

Nesse vai e vem, o teu corpo revolvido,

inteiro e luxuriosamente nu, entregue aos desejos meus.

E meus desejos são também os teus desejos,

Estou sobre ti, atrás de ti, ao lado de ti

E eu te toco, e eu te agarro e eu te beijo e ainda queres mais,

Teu corpo já não se separa nem se distingue do meu

E estou dentro de ti. Todo o tempo.

E gemes, e me agarras e me arranhas

E o teu prazer é o meu prazer, mais, mais e mais.

Mas é bom que eu saia um pouco de ti.

Acesa ainda como estás, levemente insaciada,

a ausência de meu corpo te enlouquece.

E me queres. Desesperadamente me queres.

E também me beijas e me tocas. Nos despudores do meu corpo.

Mas tu me queres, de novo, todo em ti,

E eu te atendo. Lentamente te penetro,

devagarinho, vou e volto, para que te excites ainda mais

para que, na tua ansiedade eletrizada,

na loucura revigorada dos gestos, gemidos e tremores,

eu te tenha inteira, como nunca te teve alguém.

E é tudo tão intenso que parar já não queres e nem consegues

É a cabeça para trás, esses olhos que já não olham, o respirar que não respira,

o arfar do teu peito, as palavras desconexas, as forças que te abandonam,

E gozas. Desesperada e apaixonadamente gozas, como nunca gozastes por ninguém.



III

 

E aos poucos te aquietas e é como se estivesses morta,

mas toda a vida se fez, em teu corpo e em teu coração.

E revives. Aos poucos tu revives, docemente.

Já principias a abrir os olhos e eles estão mais brilhantes.

Esboças um leve sorriso. E ele está mais contente.

E eu estou ao teu lado. E te aliso os cabelos.

E eu estou ao teu lado. E te beijo a fronte e os olhos.

E tu te enredas em meus braços e eu te abraço.

Que nunca nos separe nada. Nada, nada deste mundo.

E eu estou ao teu lado. E murmuras qualquer coisa.

E com o coração eu te ouço, que é nele que eu te acolho:

"-Eu te amo, eu te amo! E como é bom que sejas meu!"





Wilson Melo da Silva Filho

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