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UM ENGENHEIRO EM CAPÍTULOS
10 - Do Teu País
Teu filho, contudo, haverá de crescer, e viver, neste País.
E te pergunto: será este País, amanhã, este mesmo País que hoje conheces,
Se teu País, tu bem o sentes, não é, assim, tão teu?
Se, de ti, e de outros, por razões que não as tuas, levam, tantas vezes, e de tantos, a cidadania, o trabalho e a vontade,
De forma tal que, se muitos, antes, daqui se foram pelo medo,
Hoje se vão, porque lhes falta a esperança,
Que a esperança se desespera, toda e cada vez que se percebe,
Que tua casa, assim, não se fará tua,
Que teu jardim, assim, não saberá te perfumar,
Que de tua horta, assim, não brotarão os teus grãos.
Vejo uma mulher e um cachorro. Abandonados os dois
E não saberia dizer qual o mais velho, qual o mais mal vestido
E é tão triste o abandono da velhice maltrapilha e suja,
um cão por compania que o Estado tem mais do que se ocupar.
Mais adiante cruzo com duas crianças,
Tão abandonados quanto a velha e o seu cachorro,
Que o Estado tem mais do que se ocupar
E, um após o outro, me pedem algum dinheiro,
Olho nos olhos de cada um e vejo,
Um deles vai me matar amanhã
Teu filho, contudo, há de ter melhor sorte,
Que, um dia, ele, e todos, ainda se unirão,
No pensar e no agir, na consciência aprendida,
De que, se teu País, é teu, não se pode tratá-lo, e não se pode vendê-lo,
Como tantas vezes, amaldiçoadamente, se trata, se entrega e se serve da mulher que se diz da vida;
E é como tratam, e se servem, e entregam teu País, tantos, e muitos, daqueles que hoje te governam
E não cuidam do teu País, pensando em ti, que "independência ou morte" é ficção.
Um dia, contudo, teu filho, e tantos outros, se unirão,
No pensar e no agir, na consciência aprendida,
De que, se teu País é teu, há que se tratá-lo, e há que se servi-lo,
Como se trata, e como se serve, a mulher que, abençoadamente, se sabe muito amada.