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UM ENGENHEIRO EM CAPÍTULOS

9 - Do teu filho



 E aqui estás, escrevendo tudo isso e há tanto o que escrever,

Pois muito fizestes e muito há que se fazer,

Que desesperada e infinitamente, amas teu filho,

Que hoje te beija - "papai sou seu melhor amigo" - e já é um urso selvagem, e já é um trem e se enrosca e adormece em teu pescoço;

Paviozinho curto, imensamente terno e tão pequenino ainda!

Dia das crianças - olha a mamãe! - uma roupinha, um tênis novo. E o brinquedo?

Por teu filho, fez-se rio tua vida e nele desembocastes,

Não és mais rio, portanto; hás de ser margem, contudo; a margem do rio, da vida do teu filho

E haverás de guiá-lo, pelas curvas e desvios do percurso, que o curso das águas há que ter um destino bom

Que, pela vida, tantos outros rios se assoreiam, se perdem, perdem o rumo e não chegam.

Mas não és Deus. Não podes tudo, podes apenas aquilo que tu podes

Hoje, tua vida, é a vida de teu filho, mas tu não és o teu filho

Que a vida dele há de se fazer ao largo da tua,

Mas haverás de fazer que o melhor de tua verdade, seja a tua herança,

E haverás de saber fazê-lo, de forma tão forte, imensa e sincera,

Que a vida de teu filho haverá de se enriquecer muito mais que a tua

E, em troca, farás um único e singelo pedido,

Que ele, como todo e qualquer filho, por favor, sobreviva aos pais!

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